Por Assessoria
O Palácio Piratini abriu suas portas nesta segunda-feira (17) para uma lembrança importante. Há exatos 100 anos, a sede do Poder Executivo do Rio Grande do Sul era ocupada pela primeira vez. Com a pandemia e a necessidade de restrições ao público, o evento alusivo ao centenário começou com uma transmissão ao vivo direto do Salão Negrinho do Pastoreio e a presença de algumas das pessoas que construíram esta história: o atual governador Eduardo Leite e os ex-governantes Jair Soares, Pedro Simon, Olívio Dutra, Yeda Crusius e José Ivo Sartori.
“Minha alegria de poder estar com cada um deles hoje, afinal, a história do Rio Grande do Sul passa por estes mandatos, conferidos pelo voto popular, numa liderança constituída através das suas vidas e que se expressou nos seus trabalhos. E na impossibilidade de termos um grande número de pessoas para celebrar o aniversário do Palácio Piratini, a presença dos senhores e da senhora é muito importante para representar muitos gaúchos e gaúchas que celebram junto com a gente”, disse Leite na abertura da transmissão.
No último século, os principais episódios da vida política do Estado foram vividos no palácio. Fatos, personagens e vidas se misturaram, construindo a identidade política gaúcha. “Fico imaginando o quanto que meus colegas e ex-governadores têm de histórias, lembranças de boas lutas políticas, sempre com decência e grandeza, uma característica da política do Rio Grande do Sul, não obstante tenhamos as diferenças políticas e ideológicas, com visão de futuro e sempre buscando atender à nossa população. Cada um a seu tempo, do seu jeito e no período que lhe foi reservado para ser governador do nosso Estado, usou deste espaço para fazer a grande política, a política que move, que me inspira e que, certamente, mobilizou tantas outras pessoas ao longo de seus mandatos. Em nome do povo gaúcho, meu agradecimento a quem fez a história do nosso povo e deste palácio”, completou o atual governador e morador do Piratini.
Em seguida, todos os ex-governantes se manifestaram. Jair Soares (mandato de 1983 a 1987) destacou o início da história do Piratini, que não chegou a ser oficialmente inaugurado, mas 17 de maio de 1921 foi o primeiro dia de trabalho do então governador Borges de Medeiros. Na ânsia de ver a nova sede do governo pronta, Borges instalou-se no palácio ainda em obras. A construção começou em 1896, quando Júlio de Castilhos, que foi presidente do Rio Grande do Sul, alicerçou a pedra fundamental, após a demolição da antiga sede.
“Sinto orgulho de ter sido governador pelo voto democrático. Sinto orgulho por estar aqui ao lado de governadores que foram eleitos após o meu período. Muitos gaúchos forjaram nossa história, muitas vezes desconhecida, porque ela não foi contada, como neste momento está sendo feito, neste encontro que marca aquilo que não foi feito em 1921, quando, depois de anos de construção, o Palácio Piratini foi ocupado”, afirmou Jair Soares.
Pedro Simon (1987-1990) lembrou a importância do papel que cada um dos governadores teve ao longo da história. “100 anos do Palácio Piratini são 100 anos importantes da história do Rio Grande do Sul, marcados por esse palácio imponente, uma obra magnífica que há 100 anos nossos companheiros e irmãos construíram com tanto carinho e devoção. Lembrar o passado é muito importante. Só podemos construir o futuro com grandeza olhando, respeitando o passado, e continuando a fazer aquilo que nossos irmãos fizeram. Estamos aqui hoje para dizer que continuamos à disposição, porque o entendimento é o mesmo, o Rio Grande do Sul precisa de nós, principalmente nesta hora tão dramática e tão difícil para o Brasil e para o Estado”, destacou Simon.
José Ivo Sartori (2015-2018) recorda com alegria dos momentos em que recebeu prefeitos, parlamentares e membros da sociedade civil no Palácio Piratini. “Essa é uma lembrança que vai ficar no coração dos funcionários, servidores, daqueles que cuidam deste patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul. Isso é importante porque deve servir de testemunho e de exemplo para tantas outras questões ligadas não apenas ao palácio, mas a todas as outras questões de memória do nosso povo”, afirmou Sartori.
Em seguida, a única mulher a ter governado o Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (2007-2010), homenageou as pessoas que cuidam deste patrimônio histórico e que, entre muitos feitos, cuidaram da restauração do piso do palácio entre 2009 e 2010. “Quero aqui fazer uma referência muito especial ao tempo em que pude acompanhar quem faz, mantém e valoriza o patrimônio, a equipe que fez a restauração desse palácio. Graças a arquitetos, conhecedores de todos os materiais, chegamos a uma obra como essa. E essa madeira foi encontrada guardada, apreendida na Amazônia, porque ia ser exportada e não poderia ser. É a mesma madeira original, não no tempo, mas é a mesma madeira com que fizeram o primeiro piso do Palácio Piratini há 100 anos. Patrimônio é isso: alguém organiza, lidera, constrói e faz”, pontuou Yeda.
Último a se manifestar durante o ato, Olívio Dutra (1999-2002) destacou o simbolismo que o Palácio Piratini tem como representação cultural da história do Rio Grande do Sul. “É um símbolo não só do poder político do Estado, mas também de um espaço cultural, fecundado por histórias e episódios importantes para o Estado e para o país. Esse prédio precisa ser constantemente preservado, cuidado, e essa equipe faz isso. Tem arquitetos, engenheiros, sociólogos, historiadores, professores, mão de obra da construção civil. Tem sido uma preocupação de todos os governantes a manutenção de uma equipe para preservar, conservar e qualificar”, lembrou Olívio.
Leite destacou que trazer os ex-governadores ao Piratini para que contassem um pouco do período em que ocuparam o cargo é uma forma de recuperar um espírito que deve estar sempre presente entre as paredes do palácio. “A possibilidade da divergência, das diferenças, com unidade de propósito, com um mesmo sentimento, uma mesma direção para a qual precisamos trabalhar e guiar nossos passos e atender aos interesses da comunidade. É um símbolo, e o que nos diferencia de outros seres vivos é exatamente a possibilidade do ser humano de criar, de se inspirar, ter uma cultura que une 11,5 milhões de pessoas em um mesmo território, em torno de um só propósito”, finalizou o governador.
Por fim, os ex-governadores Alceu Collares (1991-1995), Antônio Britto (1995-1998), Germano Rigotto (2003-2006) e Tarso Genro (2011-2014), que não puderam comparecer ao ato, se manifestaram por meio de vídeos gravados.
Site do centenário
Mesmo completando um século de história, o Palácio Piratini ainda é desconhecido para muitos gaúchos. Como parte da celebração do centenário, o patrimônio gaúcho ganha um site especial, www.palaciopiratini.rs.gov.br, para que esse espaço histórico também passe a fazer parte do mundo virtual, proporcionando que seus detalhes sejam conhecidos por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo.
O novo portal traz um panorama geral da história e da atual realidade da sede do Executivo, incluindo linha do tempo, visita virtual, fotos oficiais dos ambientes e do acervo artístico-cultural. Em uma segunda etapa, estarão disponíveis sessões com conteúdos especiais voltados à compreensão do espaço e acervo presente no palácio. O site será a matriz virtual deste patrimônio gaúcho, uma oportunidade de proporcionar acesso, mesmo que digital, a este espaço ainda pouco conhecido pela população.
“Nosso objetivo é fornecer acesso ao acervo cultural e artístico e também um pouco da nossa história. É um convite para todos os gaúchos conhecerem nossa casa, nosso Palácio Piratini, porque muitos efetivamente não o conhecem. Por ser de fato um lugar que não pode ser acessado por completo, proporcionamos um tour virtual, em que as pessoas, de suas próprias casas, poderão ir a todos os espaços que quiserem, com informações detalhadas sobre todos, e sem descumprir os protocolos que o momento exige”, afirmou o coordenador da Comissão Especial do Centenário do Palácio Piratini, Mateus Gomes.
A programação do centenário no Piratini se estenderá por um ano, com outras programações e atrações, que serão divulgadas gradualmente. Tudo poderá ser encontrado no site especial www.palaciopiratini.rs.gov.br.
Galeria dos Ex-Governantes
Para simbolizar a data centenária, Eduardo Leite e os ex-governadores inauguraram a Galeria dos Ex-Governantes. Com fotografias de todos os líderes que comandaram o Rio Grande do Sul ao longo da história, o espaço foi provisoriamente instalado na antessala do gabinete do governador para a inauguração. Após a celebração de aniversário, será transferida definitivamente para o subsolo, junto a outros atrativos, como o Museu da Legalidade.
Ordem do Ponche Verde
Como forma de homenagear todos os servidores e funcionários que trabalham e que trabalharam no Palácio Piratini ao longo deste século, o governador Eduardo Leite outorgou a medalha da Ordem do Ponche Verde, no grau comendador, ao chefe do Cerimonial do Governo do Estado, Aristides Germani Filho.
“O Cerimonial é importante na medida em que ritos e rituais são uma forma de nos relacionarmos, especialmente na política, em que diferenças e diferentes pessoas e culturas circulam por esse palácio. A entrega desta medalha também é uma forma de homenagearmos todos os servidores do Palácio Piratini. São histórias de tantas pessoas que por aqui circulam, que escolhem como função e propósito de vida estar aqui se dedicando a uma causa que envolve o Estado, a sociedade, e que está representada nesse palácio. Algumas pessoas passam e ficam aqui ao longo dos mandatos, como o Aristides, e nos orgulham muito pelo bom trabalho e pela dedicação. O melhor talento do povo gaúcho é o talento para trabalhar, para servir, para se colocar à disposição. Sua vida, Aristides, é uma verdadeira arte que se relaciona diretamente com Palácio Piratini”, homenageou o governador Eduardo Leite.
Seu Aristides, como é conhecido entre os funcionários, trabalha na assessoria e chefia do Cerimonial do Palácio Piratini desde 1967. Também presta assessoria ao cerimonial da Presidência da República e do Itamaraty em visitas presidenciais ao Rio Grande do Sul e prestou assessoria para assuntos do cerimonial do Ministério da Justiça de 1980 a 1985. Foi chefe do cerimonial da Assembleia Legislativa entre 1990 e 2001 e exerceu, também, a chefia do cerimonial da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Nos 53 anos de vida pública, completados em janeiro, Aristides Germani Filho atendeu os governadores Walter Peracchi Barcelos (1966-1971), Euclides Triches (1971-1975), Sinval Guazzelli (1975-1979) e Amaral de Souza (1979-1983). Foi chefe do Cerimonial dos governadores Jair Soares, Pedro Simon, Germano Rigotto, Yeda Crusius, Tarso Genro, José Ivo Sartori e, agora, Eduardo Leite.
Para finalizar a abertura das comemorações do centenário, os ex-governadores foram recebidos por Eduardo Leite para um almoço no Salão dos Banquetes, junto à ala residencial do Palácio Piratini.